Consciência Negra
Minha homenagem hoje é para uma escritora que descobri em meu curso de mestrado: Conceição Evaristo. Adorei conhecer sua poesia de resistência e também a sua história de vida.
Todas as manhãs
Conceição Evaristo
Todas as manhãs acoito sonhos
e acalento entre a unha e a carne
uma agudíssima dor.
Todas as manhãs tenho os punhos
sangrando e dormentes
tal é a minha lida
cavando, cavando torrões de terra,
até lá, onde os homens enterram
a esperança roubada de outros homens.
Todas as manhãs junto ao nascente dia
ouço a minha voz-banzo,
âncora dos navios de nossa memória.
E acredito, acredito sim
que os nossos sonhos protegidos
pelos lençóis da noite
ao se abrirem um a um
no varal de um novo tempo
escorrem as nossas lágrimas
fertilizando toda a terra
onde negras sementes resistem
reamanhecendo esperanças em nós.

Tags: Africanidade, Consciência Negra, Literatura Brasileira Esse texto foi postado em sábado, 20 de novembro de 2010 às 22:51 nas categorias Africanidade, Consciência Negra. Você pode seguir as respostas pelo RSS 2.0. Você pode deixar um comentário, ou trackback do teu próprio site.
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